domingo, 21 de março de 2010

CRÔNICAS

A bananização da música
RIO DE JANEIRO - No fim do século 20, David Bowie previu que, no futuro, o comércio de música pela internet estaria nos computadores como a energia elétrica, o gás, o telefone e a TV paga estão nas casas e escritórios. O cliente teria uma assinatura e pagaria de acordo com o seu consumo. A música seria uma commodity, vendida a preço de banana. Tantos watts de eletricidade, tantos canais de tv, tantos quilos? litros? metros? bites? de música.
Hoje, além de um modelo de negócio em pleno florescimento em países onde prevalece a cultura de pagar pelo que se consome, a comercialização massificada e globalizada de música, legal e pirata, acabou com o que restava das antigas ilusões de importância, transcendência e glamour da música pop, que a indústria do disco desenvolveu - e sugou - à exaustão.
A vulgaridade se tornou um valor indispensável ao sucesso de massa. Os investimentos em promoção se tornaram muito maiores do que em criação e produção. Os melhores selos e gravadoras, criados por músicos, produtores e editores, terminaram em gigantescos conglomerados, dominados por advogados, financistas e marqueteiros.
A música, a melhor e a pior, se tornou irreversivelmente banal, como uma banana. O lado B, de bom, da bananização da música gravada, é a maior valorização da música ao vivo, quando se cria entre o artista e o público uma relação pessoal e intransferível, muito além do contato virtual e digital.
Há muitos anos, Caetano Veloso falava sobre fazer, ou não, músicas novas, e dizia que já havia música demais em toda parte. Imagine agora. Chico Buarque dizia detestar música ambiente porque, se é boa, distrai e atrapalha a conversa, e se é ruim, então para que tocar?

Mas, afinal, para que serve a música?
O grupo norte-americano de rock ZZ Top, que esteve no auge nas décadas de 70 e 80, faz única apresentação na capital paulista, em 20 de maio, no Via Funchal (região oeste). Os ingressos, que já estão à venda, custam R$ 300 (pista premium e camarote), R$ 250 (mezanino) e R$ 200 (pista). A meia-entrada é vendida somente na bilheteria do Via Funchal, que funciona diariamente das 12h às 22h. A compra dos ingressos pode ser feita por telefone 0/xx/11/2144-5444, pela internet, no site do Via Funchal e em cinco pontos de venda --Baratos Afins (tel. 0/xx/11/3223-3629) e Flame Store (tel. 0/xx/11/3224-8916), ambas na Galeria do Rock (r. 24 de Maio, 62, Centro); London Calling (r. 24 de Maio, 116, tel. 0/xx/11/3223-5300); Newness Livros e Revistas (av. Yojiro Takaoka, 4528, loja 02, La Ville Mall, Alphaville); e Fujji Turismo (r. Tapajós 33C, Guarulhos, tel. 0/xx/11/2441-9272). Formada desde o início por Billy Gibbons (vocal e guitarra), Dusty Hill (vocal e baixo) e Frank Beard (bateria), a banda texana tem mais de 40 anos de carreira. O começo foi em 1969 e, três anos depois, o disco de estreia chegou às lojas--"ZZ Top's First Album", com faixas predominante de blues. A música "Francine", do segundo álbum, "Rio Grande Mud", colocou o trio finalmente em evidência, quando ficou entre as mais tocadas.
O mais recente trabalho data de 2009: o DVD "ZZ Top Double Down Live 1980-2008", gravado ao vivo durante shows na Alemanha e na turnê europeia que aconteceu um ano antes.
Via Funchal - r. Funchal, 65, Vila Olímpia, região oeste, São Paulo, SP. Tel.: 0/xx/11/2144-5444 (call center). 6.000 lugares. 20/5: 22h (a casa abre às 20h). Ingr. (inteiras): R$ 200 (pista), R$ 250 (mezanino) e R$ 300 (pista premium, em pé, e camarote). Não recomendado para menores de 12 anos.